segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ela... confusa.



Ela expirou profundamente. Um genuíno e singelo sinal de cansaço. Mas dessa vez, não aquele cansaço que sentia toda manhã ao caminhar contra ao vento, quando sentia seu corpo sendo empurrado na direção contrária. Era um cansaço da alma, da mente, do coração.
Fechou os olhos, passou a mão pelos cabelos, seus dedos ficaram presos. Sua vida estava tão embolada quanto seu cabelo, pensou. Era necessário parar, desembaraçar tudo, ou cada vez que seus dedos passeassem pelos seus cabelos sentiria dor outra vez.
Expirou novamente. Não entendia porque sempre deixava tudo pra depois. Essa tendência natural humana à procrastinação a cansava. Aliás, o que não a cansava ultimamente? Procurou em sua mente de maneira superficial, e ainda assim fora difícil encontrar uma resposta satisfatória. Então era isso; se sentia exausta, embaraçada, procrastinada. De novo.
Percebeu então que ultimamente sua vida se tornara chata, rotineira. Tudo era tão (im) previsível que enojava. Agora feliz, porém logo triste... logo sozinha. E assim ia levando, se acostumando. Uma hora rindo, outra chorando, outra esperneando. Não se entendia. Era a bagunça em pessoa. Repleta de nós, tal como seu cabelo emaranhado, cada vez que algo tentava passar por ela, causava dor.
Talvez tivesse alguma tendência a afastar tudo que pudesse trazer dor, observou. Talvez fosse tão covarde ao ponto de fugir em vez de desfazer tanto nó em sua cabeça – literalmente ou não. Talvez acreditasse que para abandonar algo, também é necessário ter coragem.
Se confundiu. Submergiu. Dentro de toda sua confusão, dentro dela mesma.

5 comentários:

  1. A garota do texto parece alguém que me encara toda vez que olho no espelho e de quem tenho tentado fugir, sei como é, estar andando entre embaraços.

    Beijos, amei o texto e blog, vou te linkar (:

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  2. E a confusao as vezes nao nos deixar tomar decisoes e nem ter coragem para certas coisas.
    Força querida!

    bom feriado,
    bjo ;)

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  3. Descreveu a adolescente que todas nós somos.

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  4. Introspectiva que dá até certo nervosismo. Belo texto!

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